Autismo na cidade e Autismo e bem-estar são temas de palestras

por Imprensa publicado 09/04/2019 14h50, última modificação 16/11/2020 12h39
Semana de conscientização
Autismo na cidade e Autismo e bem-estar são temas de palestras

Carolina Coutinho destacou preocupação com Nota Técnica do Ministério da Saúde

Durante a Semana de Conscientização sobre Autismo, realizada pelo Instituto A de Apoio e Orientação do Espectro Autista, a Câmara de Poços recebeu as palestras Autismo na cidade e Autismo e bem-estar. Os encontros aconteceram na última semana e contaram com a participação de profissionais da APAE Poços de Caldas e do Espaço Ampliar, além de psicólogos e psicanalistas do município. As palestras reuniram, também, familiares, alunos e professores.

No dia 03 de abril, o tema Autismo na cidade foi abordado pela APAE, Espaço Ampliar e Instituto A. Durante o encontro, profissionais que atuam nessas entidades falaram sobre o trabalho realizado em Poços, enfatizando questões como fatores de risco, atendimento, profissionais e atividades promovidas. A vice-presidente do Instituto A, Camila Nogueira, pontuou as ações direcionadas aos pais de crianças e jovens com autismo.

Autismo e bem-estar foi o tema discutido no dia 04 de abril, com a presença da psicóloga, psicanalista e professora da Faculdade Pitágoras, Carolina Siqueira Coutinho, e da psicóloga, psicanalista e coordenadora do NEPE (Núcleo de Estudos em Psicanálise e Educação), professora Roberta Ecleide de Oliveira Gomes Kelly. Assuntos envolvendo o diagnóstico, uso de medicação e o tratamento realizado desde a infância até a vida adulta foram abordados.

Carolina Coutinho citou como uma das preocupações nessa área a Nota Técnica 11/2019, do Ministério da Saúde. “A gente tem uma preocupação recente com a Nota Técnica 11/2019 e isso é tema da nossa fala. É uma Nota Técnica recente, mas que oferece um risco muito grande para as políticas públicas na área da saúde mental que foram conquistadas até agora, na história da reforma psiquiátrica do Brasil. Ela coloca novas diretrizes para essas políticas públicas de saúde mental e uma delas é a possibilidade de internação de crianças e adolescentes, a volta do uso de ferramentas de eletrochoque no tratamento financiado pelo SUS, então tudo isso deixa a gente bem preocupado”, ressaltou.

A psicóloga Roberta Ecleide falou sobre a construção da independência. “Sobre os adultos [com autismo], não temos nada no Brasil que trate do tema. O que encontramos são situações isoladas, ou seja, ele fica em uma casa, se tiver uma inteligência mais diferenciada consegue uma colocação profissional, mas a maioria é muito dependente. Nosso trabalho é construir, no máximo, a semi-dependência, mas, com certeza, construir a independência. E isso é árduo, muitas vezes os pais aflitos tentando cuidar não conseguem pensar que as crianças vão crescer e que eles vão morrer. O município precisa trabalhar isso, precisamos ter iniciativas como essa para conscientizar a sociedade, a gente precisa fazer mais debates. Somente a rede de saúde não vai dar conta dessa questão se a sociedade pensar de forma preconceituosa, pensar em estereótipos. Autista faz muita coisa, na verdade a palavra mais certa seria ‘autismos’”, declarou.

A Câmara recebeu três palestras, durante a Semana de Conscientização sobre Autismo, atendendo a um requerimento do vereador Gustavo Bonafé (PSDB). Os vídeos dos encontros estão disponíveis para consulta no Portal da Câmara e na página do Legislativo no Youtube.

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